Jamais exigi que entendesses as pequenas brechas que propositalmente – e não raras vezes – eclodiam em meus pequenos devaneios ao café da manhã – sempre abraçados pelas paredes – enquanto, com pressa, te arrumavas para ir ao trabalho.
Em nenhum momento fiz menção ao vazio que sentia quando, à noite, depois da janta e do noticiário, no leito tangenciavas meu sexo sem antes ensaiar um afago, insinuar um beijo, libertar algum murmúrio que indicasse que ali, naquele espaço de nascer e morrer, havia uma linguagem que nos tocava a ambos.
Nunca disse o quanto havia de bucólico e aterrador naquele sol que se esparramava como uma gema furada sobre nossas – o cão estava sempre lá – cabeças quando nos sentávamos sobre a duna para, ao longe, observar, singrando o asfalto quente da tarde, aquela que foi a mais esperada das bicicletas daquela rua.
Hoje, mesmo com os tortos paralelepípedos da minha estrada, as telhas de barro que me cobrem e o morro que me priva do crepúsculo com alguma antecedência, até fritar um ovo me faz chorar.
2 replies on “[ os pedidos prévios ]”
Esse texto é uma carta com destinatário certo. é lindo, anyways.
Nã nã… é ficcional! hahaha